terça-feira, 6 de outubro de 2009

1301

Lençóis brancos, assim um pouco ásperos de lavados.
Veste-se um ar ensonado e umas cuecas velhas. Ar lânguido e morno de gato.
- Qual é a coisa que mais gostas de fazer ao chegar a um hotel?
- Abrir as janelas.
Não é Tóquio. É a nova ponte, o rio e um dia de nevoeiro.
- Tudo o que consegues ver da janela panorâmica?
Começa-se a achar graça à impessoalidade. Passos na alcatifa não deixam marcas. Existimos aqui mas só até ao check-out porque depois vem uma senhora que limpa esfrega e desinfecta até desaparecerem todos os vestígios do eu.
- Como se morrêssemos.
Não. Isso é diferente. Aí talvez haja quem se engane e ache que estás cá.
Que por existir tanto de ti se distraia e pergunte então, correu-te bem o dia? e ao aperceber-se do insólito, se perca e vá envelhecendo um pouco, pelo menos da parte do coração.

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