terça-feira, 19 de março de 2013

Para que conste

Ao fim de quatro dias, fui observar densitometrias e, mais depressa do que seria capaz de dizer olé!, encontrei-me a desensarilhar as alças do sutiã de uma septuagenária rija e cheirosa que se encontrava quase nua no meio do corredor porque não levava cuecas para não marcar as calças. Bienvenidos a Madrid!

Pero que las hay

Marco um nome errado no meu telemóvel emprestado
que logo replica
em tom literatura rosa-choque-ó-pop-descartável
no hay coincidencias.

Entre líneas

Sigo en el mismo metro con una dama musulmana.
Yo no bajo en Oporto.
Ella tampoco se queda en Tetuán.
Proxima estación: Esperanza.

Ah luxo

Madrid
ciudad donde viejas hermosas y
perfumadas y bien peinadas
siguen solitas y
de cara alegre
paseando
sus perritos vestidos.

sexta-feira, 15 de março de 2013

Conversas de Princesa

- Sus capilares son muy guapos.
- Eres asturiana?

Madrid é uma festa

Madrid
Cidade de emprego para onde convergiram espanhóis
e onde se misturam hoje tantos estrangeiros

Madrid
Coração que nos bombeia sem parar
sístole-diástole-sístole
sístole
sístole

Madrid
Pântano escorregadio onde resvalamos
uns contra os outros
entre sorrisos

Madrid
Ciudad de mezclas.

La sutileza de los sonidos

Ramón y jamon:
La diferencia entre ser una persona
o un trozo de carne.
Al final, qué más somos?

París no se acaba nunca

Querido hijo: he llegado a esa edad en la cual uno se ve obligado a comprobar cómo su hijo se ha convertido en un imbécil. Te doy tres meses de tiempo para que termines tu obra maestra. Por cierto, quién es Marguerite Duras?

Enrique Vila-Matas en París no se acaba nunca

 

domingo, 3 de março de 2013

Sobre um improviso de John Coltrane

Ainda espero o amor
como no ringue o lutador caído
espera a sala vazia

primeiro vive-se e não se pensa em nada
não me digam a mim
com o tempo apenas se consegue
chegar aos degraus da frente:
é difícil
é cada vez mais difícil entrar em casa

não discuto o que fizeram de nós estes anos
a verdade é de outra importância
mas hoje anuncio que me despeço
à procura de um país de árvores

e ainda se me deixo ficar
um pouco além do razoável
não ouvem? O amor é um cordeiro
que grita abraçado à minha canção


José Tolentino de Mendonça