"Vila Nova de Famalicão, 1 de Janeiro de 1889
EXPEDIENTE
Tomamos a liberdade de enviar o nosso jornal a muitos cavalheiros, sem previamente os consultarmos, na convicção de que aquelles a quem nos dirigimos se dignarão acceita-lo benevolamente.
Se algum d´elles, porem, entender que «O Minho» não merece a sua valiosissima protecção, rogamos-lhe a especial fineza de nol-o devolver antes da proxima terça feira, afim de regularisarmos a nossa escripturação. (...)
POUCAS PALAVRAS
Por uma ordem social, hoje declarada com transito de irrevogabilidade, todo o homem, desde que assenta banca na vida publica, tem que abrir aos outros o seu caderno de profissão de fé. A descer das cadeiras mais elevadas até ao banquito mais raso e mais humilde, a magestade, o governo, o parlamentar, o magistrado judicial, o cathedratico, o padre e o professor teem como primeiro dever a apresentação d´um programma.
Aquelle que entra na vida publica sem dizer aos outros o que vae fazer, desobedece às regras respeitosas da praxe. Se não programatisa è um inchoerente e um nescio.
O programa, hoje em dia, é como que um dos maiores sacramentos da humanidade. Se não data da perigrinação do Christo, vem porventura de muito próximo d´então. Foi estabelecido como uma linha de conducta para que, quando lhe desobedeçamos nos possam apontar o erro.
(...)
Não tememos nem por sonhos, que espiritos maus nos venham tolher a carreira da mais absoluta imparcialidade, nem que segredistas de chantage nos façam conduzir ao caminho do estivo e insolente. Temos uma vontade bastante firme para que possa ser quebrada por qualquer polichinelo, ou pelo maior dos azedumes.
(...)
N´este logar pouco nos importa que a pilotagem da barca do paiz esteja entregue nas mãos da regeneração ou dos progressistas, e, o que somente desejamos é que uns ou outros lhe deem direcção proveitosa e segura.
(...)
Nada mais nos resta. Fica a nossa bandeira desfraldada e nós promptos a acolher sob ella todos os combatentes.
A Redacção»
O Minho- Semanário litterario e noticioso
Redactores: Rodrigo Terroso e Joaquim Trovisqueira.
Cortesia da Biblioteca Nacional de Portugal
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2 comentários:
rodrigo terroso?
virá daí a veia escritora?
m
Também não me interessa se estamos com a regeneração ou os progressitas. O Rodrigo era meu bisavô. Ainda há mais.
Pra próxima.
g
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