Eu hei-de entrar no Outono como uma planície devastada pela insolência do Verão.
Eu hei-de entrar no Outono de mansinho e com um coração indisciplinado.
Ou então há-de ser o Outono a entrar em mim.
Como uma melancolia calma da velhice.
Eu hei-de entrar de mãos vazias e com promessas.
Este Outono seremos para sempre pássaros indefesos.
Desolados por altas temperaturas.
E desolação não é sinónimo de desalento.
Eu hei-de entrar no Outono rapidamente.
Antes mesmo da sua chegada.
Com uma Amélie perplexa a espiar-me de algures.
De um espelho embaciado de vapores.
Eu já entrei no Outono.
(Com Histórias do Bom Deus
Ou qualquer engodo semelhante)
O pessimismo de Antero é mais alegre que o
seu optimismo e a sua fé mais desoladora do
que a sua descrença.
Fernando Pessoa
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