quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Questão de fé

Em Paris, ao som de uma boa banda sonora, assistimos a desatino conjugal entre Anna e Paul.

- Amo-te.
- Bem, eu sei que me amas. É a diferença entre nós.
- Como podes saber que te amo, ter tanta certeza?
- No princípio, antes de vir atrás de ti para este buraco, mesmo no princípio, nos primeiros dias, adormecia repetindo a mim própria "O Paul ama-me". Dizia-o em voz alta, centenas de vezes, como uma oração. Eram palavras sem significado, mal nos conhecíamos, mas qualquer coisa houve, alguma coisa se formou. Acreditei que me amasses, acreditei no teu amor, como acredita quem tem fé.

Na vida real, ninguém bebe tanto gin sem se embebedar.
Na vida real, já ninguém tem fé.

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