sábado, 16 de novembro de 2013

Depressões de Dezembro


É sempre assim: o solstício de Inverno provoca-me depressões. Apetece-me encher a cara de pó-de-arroz verde, como fazia T.S. Elliot, e andar por aí, pelas ruas, olharenta e macerada, inspirando dó aos transeuntes. Incapaz de sentir ou escrever, entretenho-me a ler o que, em Dezembros distantes, outros pensaram. Pode ser que, desta forma, a minha cabeça desperte. Em 21 de Dezembro de 1801, Dorothy Wordsworth inscrevia, no seu Diário: “As cartas que hoje chegaram de Coleridge eram melancólicas: tinha sofrido dos intestinos. Cá em casa, ficámos todos muito deprimidos. William escreveu-lhe para Somersetshire.” Algum tempo depois, a 10 de Dezembro de 1812, Lord Byron confidenciava: estou ennuyé, para além do que é habitual. Sou todavia demasiado preguiçoso para me matar, além de que esse gesto iria certamente aborrecer Augusta...” Um século depois, em vésperas de Natal, o jovem Evelyn Waugh planeava o seu futuro: “Decidi deixar crescer o bigode, uma vez que, de momento, não me posso dar ao luxo de gastar dinheiro com roupas novas e quero mudar alguma coisa no meu aspecto físico.(...)

MFM, Vida Moderna

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