É sempre assim: o solstício de Inverno provoca-me
depressões. Apetece-me encher a cara de pó-de-arroz verde, como fazia T.S.
Elliot, e andar por aí, pelas ruas, olharenta e macerada, inspirando dó aos
transeuntes. Incapaz de sentir ou escrever, entretenho-me a ler o que, em
Dezembros distantes, outros pensaram. Pode ser que, desta forma, a minha cabeça
desperte. Em 21 de Dezembro de 1801, Dorothy Wordsworth inscrevia, no seu
Diário: “As cartas que hoje chegaram de Coleridge eram melancólicas: tinha
sofrido dos intestinos. Cá em casa, ficámos todos muito deprimidos. William
escreveu-lhe para Somersetshire.” Algum tempo depois, a 10 de Dezembro de 1812,
Lord Byron confidenciava: estou ennuyé, para além do que é habitual. Sou
todavia demasiado preguiçoso para me matar, além de que esse gesto iria
certamente aborrecer Augusta...” Um século depois, em vésperas de Natal, o
jovem Evelyn Waugh planeava o seu futuro: “Decidi deixar crescer o bigode, uma
vez que, de momento, não me posso dar ao luxo de gastar dinheiro com roupas
novas e quero mudar alguma coisa no meu aspecto físico.(...)
MFM, Vida Moderna
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