Eu não sou poetisa pop
não há vestido que me queime
e a incendiar-me só um creme
que dizem ajuda a resolver
a celulite das coxas
Eu não tenho a perturbação
esquizo-afectiva da poetisa pop
não tomo anti-psicóticos
que me fariam engordar de queixo pró ar
e rabo pró chão
Por isso eu não escrevia
o mongolóide alegra-se
com a viagem de autocarro
a que mais ninguém acha graça*
mas
O mongolóide que tirava e comia
carrapetas na beira
da linha do metro
Desapertou o cinto
desabotoou as calças
Do outro lado da linha
nós ficámos suspensos
Desapertou o cinto
desabotoou-se todo e coçou
a barriga.
(e ninguém caiu à linha
ou sofreu electrocução)
* Adília Lopes, Obra
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