segunda-feira, 10 de outubro de 2011

A mulher doméstica

Escrevo com urgência entre a couve-flor, como purgante mais que por talento. Na sopa deito lentilhas, que as dizem ricas em ferro. Projecto fazer algum desporto. Limpo os pingos do chão moderno mas renuncio à compra de máquinas que cozinhem por mim antes dos setenta. Bourgeoise sim mas sans excessos. Fico na dúvida se hei-de ou não ajoutar natas à tarte de legumes. Em francês, couve-flor diz-se chou fleur, o que soa bastante bonito.
E, contemplando os cisnes em Berlim, os bateaux-mouches no Sena ou o arvoredo do meu quintal, não há forma de me convencerem que existe desprazer no ser doméstico.

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