segunda-feira, 13 de abril de 2009

Passagem de Ceuta

Já atravessámos uma fronteira a pé.
De mochila às costas e mãos vazias.

E eu vi mulheres de vestidos compridos
Que ocultam tudo
Pacotes de arroz, farinha, leite
Detergente da louça.

Vi clandestinos
Escondidos em socalcos
Em encostas de terra e de lixo.

E nunca tive medo
Que me roubassem o passaporte.

Porque eu tinha as mãos vazias.
E uma identidade tatuada mais fundo.
Inscrita dentro de mim.

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