sábado, 19 de fevereiro de 2011

Arte Poética

Escrever um poema
é como apanhar um peixe
com as mãos
nunca pesquei assim um peixe
mas posso falar assim
sei que nem tudo o que vem às mãos
é peixe
o peixe debate-se
tenta escapar-se
escapa-se
eu persisto
luto corpo a corpo
com o peixe
ou morremos os dois
ou nos salvamos os dois
tenho de estar atenta
tenho medo de não chegar ao fim
é uma questão de vida ou de morte
quando chego ao fim
descubro que precisei de apanhar o peixe
para me livrar do peixe
livro-me do peixe com o alívio
que não sei dizer

Adília Lopes, Obra.

1 comentário:

Anónimo disse...

o triunfo do gato preto da Rua do Rosário.

o miúdo falava com os pais.
mais além, o gato. tartamudeou.
por pouco tempo; hesitou mais um pouco. rasgou, então, um cumprimento digno e memorável.
num ímpeto faraónico, altivou-se. abeirou-se que nem um!gato.ok gato(a).
tomou o leme do momento.e então, deu em retirada - como esperado.


isto por se falar em peixe.

J